A problemática Bela Vista já me era teoricamente familiar e impressionou-me mais uma vez, na altura da exposição mediática, a forma como os meios de comunicação em geral se portam como abutres, indo buscar o que lhes interessa, como se o tivessem descoberto, para depois o abandonar quando já não lhes interessa.
Mas este post tem a ver com a água. A ideia de que neste bairro já existiu uma nascente de água capaz de produzir água de mesa é fascinante e impele-nos a questionar por que não se potencializa isso na "regeneração" do bairro. É claro que falo de cor (ou seja, do coração) e não faço a mínima ideia se tal ideia poderia ser aproveitada.
O que sei foi o que encontrei aqui e, ao que parece, a água era termal. Tinha efeitos terapêuticos reconhecidos, existindo casos e registos dos seus bons efeitos. Agora, a antiga zona de captação, marcada por uma torre, está ocupada por um supermercado e seu estacionamento. A água existiu até finais dos anos 60. Em 70, a Quinta da Bela Vista deixou de ser uma quinta para passar a ser uma urbanização social.
Às vezes, perguntamo-nos como é que tudo está às voltas, como é que as coisas chegam onde estão. E depois vamos reconhecendo os pequenos pontos no caminho e na falta de visão que nos impediu e impede tantas vezes de percorrê-lo no melhor sentido*. Seja como for, o que fazer com isto agora? Há-de haver algo.
Deixo então aqui uma imagem de uma garrafa da Água da Bela Vista. Esta um pouco ferrujenta e mais velha do que aquelas que encontrei, mas talvez mais fiel à visão actual do bairro.
*Enquanto andava às voltas à procura de coisas sobre esta água, deparei-me com um testemunho de uma professora da Escola Secundária da Bela Vista, que também cresceu no bairro. No texto, fala de quando ia buscar água à fonte, da escola em que andou e em que depois leccionou. Constata a sua mágoa pelo fim anunciado da escola, pois pelo que parece as escolas foram extintas/banidas do Bairro da Bela Vista. E mais uma vez vamos reconhecendo esses pontos de viragem decisivos.
1 comentário:
Quantas histórias escondidas debaixo dos nossos pés e nós sem querer saber.
Que bela garrafa! e que bela história que poderia se agarrar para re-começar de novo, com orgulho, a vida de uma zona quaisquer.
Enviar um comentário