quarta-feira, 29 de julho de 2009

é preciso perceber tudo?

O MASP - Museu de Arte de São Paulo tem uma escola, com cursos de História de Arte. Para os promover, fez esta acção bem certeira de colocar na moldura um texto sobre o autor e, no espaço destinado à legenda, colocou a obra em ponto pequeno. A ideia é clara. Para podermos apreciar a obra na totalidade, há que conhecer a vida e as obsessões de quem a fez.


Compreendo esta acção e acho-a eficaz. No entanto, sinto-me perfeitamente na ponta oposta deste mote "Conheça o contexto e entenda a obra".
Entender a obra é afinal o quê? É percepcioná-la de um ponto vista meramente racional, com as premissas históricas, sociais, freudianas e políticas, sem esquecer igualmente as nuances das influências artísticas, blábláblá...?
Sou toda a favor da análise e adoro biografias e perspectivas assentes em teorias viajantes no tempo, mas estão noutro plano diferente do da arte. Ou pelo menos num plano diferente do da obra. Primeiro que tudo, a obra cria um impacto e esse é insubstituível. Tudo o resto que vier, está à parte e não compromete o impacto da obra, por ela mesma. Aliás, quando temos demasiada informação, o mais certo é que isso deturpe totalmente a nossa percepção da obra. Talvez a entendamos melhor, mas o que fica então desse primeiro "olhar"? Ficará provavelmente perdido para sempre e nunca mais será recuperável.
A arte, para quem a recebe, é uma experiência estética. Estimula sentidos e provoca emoções. O resto da compreensão virá da nossa vontade de compreender essa mesma experiência e, num certo sentido, do desejo de recuperá-la.
Para quem a cria, a história é outra e não cabe aqui, pois para quem a recebe isso será, num primeiro momento, indiferente.

3 comentários:

Kardo disse...

Concordo com o teu ponto: Não precisas de ter ido à escola para te parares à frente de uma obra de arte e a apreciar. Pode até ser algo arrogante a abordagem desta campanha por que até parece uma obrigação (interpreto-o assim pela proporção do quadro com a biografia VS a obra)

Mais o certo é que sei de obras que me passaram ao lado e quando conheci a biografia do autor, então é que percebi e parece que conectei com o que o tipo tentava transmitir. A mim aconteceu-me com o Picasso: so depois de entender o processo que ele desenvolveu é que percebi a sua obra.

Se calhar eu sugeriria que o enfoque seja o da descoberta: Podes descobrir mais de uma obra se conheceres a biografia.

Sandera disse...

Que saudades das aulas de História de Arte, as minhas favoritas de toda a faculdade!
Nesse contexto achei a acção brilhante, muito bem esgalhada.

Nos dias que correm, livros e teoria à parte, sou mais:
Mostra-me o que fazes, ( e se me esmagar de alguma forma) dir-te-ei se quero saber quem és!

;-.)

mas que "rik" primo que aqui tens disse...

Não concordo com nada com o que disseste, porque se concordasse não havia POLÉMICA. E eu quero é polémica... eheheheh

Bjs grandes e continua assim que vais longe!

Ah é verdade... sou eu o teu primo! :-P