sexta-feira, 14 de agosto de 2009

out of office, out of blog

Vou de férias!

Durante 2 semanas não há novidades neste blog. Depois das duas semanas, os meus olhos reabrem para o que nos traz aqui. Até lá, divirtam-se e fiquem com esta citação bem fixe para os vossos dias.



* tradução livre da citação: Acaba cada dia e despacha-o. Fizeste o que pudeste. Alguns erros estúpidos e absurdidades infiltraram-se; esquece-os assim que conseguires. Amanhã é um novo dia. Vais começá-lo com serenidade e com um espírito tão elevado, que não será travado pelos teus velhos disparates.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

se um desconhecido te aborda na rua, isso é alzheimer?

Já tenho escrito sobre o poder da rua. Sobre como o impacto de uma campanha é totalmente diferente quando somos confrontados na nossa rotina, no nosso meio. Uma acção de rua, de guerrilha, de intervenção directa, mexe muito mais connosco, dedicamos-lhe muito mais atenção. Torna-se, de algum modo, pessoal.

Ainda estamos no começo disto tudo. Quem sabe, estas situações se vão tornando indiferentes e invisíveis como agora são outdoors, mupis, ou promotores a distribuir papéis no meio da rua. Mas, penso que não, pelo menos não tão cedo deixará de fazer sentido esta intervenção pública.

É claro que tudo isto se torna mais fascinante quando as acções são por boas causas, ou quando são artísticas ou políticas, mas também as marcas têm o seu espaço quando encontram algum motivo significativo para fazerem essa abordagem, para além do "comprem isto, adiram àquilo".

Desta vez, volto à acção de rua com uma campanha de sensibilização para a doença de Alzheimer. Esta acção espanhola mostra como, com tão pouco espalhafato, se pode realmente marcar um público, de uma forma individual e muito pessoal. Vejam a simplicidade desta ideia, com uma eficácia fenomenal.


segunda-feira, 10 de agosto de 2009

estereótipos, humor e chocolates

A questão de género é decisiva para resolver uma série de problemas estruturantes da nossa sociedade. O reenquadramento das relações homem-mulher, o desvelar dos estereótipos e a capacidade de nos reinventarmos, livres de pré-determinações como "um homem não chora" e "uma mulher deve ser passiva e boa dona-de-casa", é crucial para uma sociedade mais equilibrada, justa e livre.
Paralelamente a isso, a relação homem-mulher inspira livros, filmes, quadros, esculturas, anúncios, blogs, anedotas, dizeres populares, etc., etc.. Há toda uma cultura de relação homem-mulher capaz de desenhar cenários trágicos, românticos, cómicos,... É uma fonte infindável de inspiração, pois nela se funda o motor de muitas vidas. É determinante e intransponível (dentro da assumpção de género) a diferença dos sexos.
A construção social, tal como a conhecemos, pressupõe essa diferença. A construção vai mudando, vai-se adequando a novos estereótipos, mas mantém-se a diferença. Essa pode ser ou não perigosa e bloqueadora das liberdades individuais. Por outro lado, pode ser criativa e libertadora. Nada disto, é preto ou branco. A capacidade de definir uma construção social como tal é já um passo em frente para podermos livrar-nos dela, destruí-la, reconstruí-la - cabe dar as ferramentas dessa emancipação. A liberdade de escolher.
Pelo meio, há a publicidade, que vai conseguindo ou não subverter ou aproveitar esses estereótipos para conseguir os seus objectivos. Quando o faz com humor, vale a pena. Como esta campanha da Cadbury, nestes 3 filmes muito cómicos.






sexta-feira, 7 de agosto de 2009

à limpeza!

Na Estónia, lançaram a iniciativa de limpar o país de todas as lixeiras ilegais. A ideia era limpá-lo mesmo num dia, como quando escolhemos um dia para fazer limpezas lá em casa. Se virem o vídeo, podem observar o processo e testemunhar o sucesso.
Agora, estão a tentar fazer o mesmo em Portugal e as inscrições já estão abertas. É dia 20 de Março e eu já estou na lista. Podem contar comigo para calçar luvas, vestir fato-macaco e ir para esses matas limpar entulho e todas as porcarias que se acumulam.
Não sei quanto tempo durou a limpeza na Estónia, nem sei como poderá correr em Portugal. Mas a verdade é que se formos a pensar assim, nunca fazíamos limpeza lá em casa. A máxima deve ser a mesma: "Limpar e tentar sujar menos".
Esta é uma iniciativa para mudar a face do país e há a possibilidade de entrarmos nesse momento. E o mais incrível é que estão a dar-nos isso de mão beijada. Gastamos só um dia das nossas vidas para mudar dias e dias de má vida.


terça-feira, 4 de agosto de 2009

campanhas

Isto é chão que ainda vai dar muita uva, mas já há tanto por onde pegar que não posso ficar indiferente.
A campanha política de 2009 continua, agora na 2ª e 3ª fases (legislativas e autárquicas) e os cartazes não cessam de surpreender. Comecemos pelo partido anti-ideologia, o da senhora mal encarada, que se intitula social-democrata. Depois de um período de convocatória aos portugueses, eis que chegam os resultados: grandes tiradas desprovidas de sentido, como podemos constatar nos 4 (quatro!) cartazes que têm. Devem ter sido 4 (quatro!) portugueses que "não desistiram" e ligaram para a Dôtora.


"Olhem por quem mais precisa", "Prometam o que podem cumprir", e outras duas frases muito interessantes são o resultado dessa grande audição aos portugueses. Os senhores do marketing da política de verdade acharam que isto pode distrair as pessoas da falta de ideologia do partido, que também chama a atenção para a pessoa líder, que não tem muitos factores positivos a seu favor (e não estou a falar de atributos físicos). Assim, pode ser que os eleitores se sintam identificados com a mensagem (quem não se identificaria com tais lugares comuns vazios?).
Para atestar esta falta de ideologia, podemos ver esse grande cartaz da Juventude desse partido vazio de ideias, mas cheio de vontade. Está mesmo à entrada da Ponte 25 de Abril (aquela que deu polémica no tempo em que o PR era PM e esta senhora ministra da educação). Vejam como é bonito.


Que mensagem espectacular para contagiar a juventude para a acção cívica e política. 'Bora lá fazer coisas giras, pá, nestas coisas da política.
Enfim, é este o grande partido a par do outro.
Por falar em outro, que dizer daquela grande ideia publicitária que resultou muito mal? O homem, o nosso PM, no meio da bandeira portuguesa e estão pessoas à volta. Simbologia poderosa: ele está no centro de Portugal, no meio das pessoas, que o apoiam, que nele confiam. Bonito. O resultado ficou... hã... esquisito. É impressão minha ou as mulheres que estão à volta dele querem levá-lo consigo e fazerem-lhe festinhas? Há mais que admiração política naquele olhar... há uma espécie de veneração sexual.


Para não atacar só os grandes porque os pequeninos também têm direito, que dizer sobre os novos cartazes daquele partido de direita que, sempre que achamos que o portinhas vai sair, ele regressa com os dentes mais brancos? Poderá haver mensagem mais demagógica? "Acha normal os criminosos terem mais direitos que os polícias?" e outras frases do género, que envergonham como uma primeira página do 24 horas. Lamento não ter encontrado imagens para mostrar, mas estes ainda não estão muito actualizados cibernauticamente. De qualquer modo, encontrei esta fenomenal, que sublinha este espírito sofredor do pequeno partido, somos tão bons e temos ideias tão certas, por que não votam em nós? Não gostam da gente? Somos tão certinhos, com os nossos penteados e gravatas. Por que não gostam? Vejam lá se não parece uma avózinha querida.



Falta falar do PCP e do Bloco. Mas a verdade é que os cartazes do PC são sempre iguais. Aquilo precisa de um lifting tão grande como a estrutura - valha-nos o Jerónimo para manter a força. Quanto ao Bloco, queríamos ver a Joana Amaral Dias no cartaz, mas já está decidido que não entra na lista. Tirando isso, são com certeza os mais originais nos seus cartazes, fazem publicidade a fazer de política, tal como o PC, e não publicidade publicitária, como os 3 de que falei antes.
Seja como for, eu não aguento mais. Gostava de voltar a ver publicidade em outdoors. Já não aguento estas caras e estas frases e esta hipocrisia bem falante com um layout correcto.
No final de tudo isto, há uma coisa que me posso regozijar: a Laurinda Alves já ficou pelo caminho. Saber que não vou ver a cara dela numa escala gigante dá-me alguma tranquilidade. Não ter de ver as fuças do espírito agridoce do moralismo misericordioso, do assistencialismo castrador, da esperança das coisas arrumadas em etiquetas com flores, assemelhando-se a guetos com portas cheias de malmequeres e passarinhos.
Chegue Setembro depressa. E depois Outubro. Mais um bocadinho e estamos no Natal e eu posso pedir como presente o fim do comício impresso em larga escala.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

verdadeiramente popular

Há uns tempos atrás, integrada na campanha protagonizada pelo Bruno Nogueira, uma conhecida marca de cervejas portuguesa, aludiu ao assunto "Feira Popular". Foi para onde? Volta? Por que se foi sem deixar rasto e ninguém nos dá satisfações? Onde andam as diversões e a montanha russa quando não há festivais de Verão? E por aí fora...



Este fim-de-semana, fui à Feira de Santiago, em Setúbal, e deu-me para reviver as noites passadas na Feira Popular, desde pequena até à primeira adolescência, para em adulta voltar pontualmente.
A Feira de Santiago tem uma feira popular lá dentro e muito mais. Carrosséis, carrinhos de choque, tiro ao alvo e toda a animação em néon que me lembrava, mas também concertos, roupa para vender, carros em exposição, gastronomia, exposições e sei lá mais. Farturas, churros, algodão doce, pipocas, mulheres e homens em cima de balcões a gritarem aos microfones, música romântica e choco frito fazem a verdadeira cultura popular a vibrar (aos gritos mesmo) naquela Feira. Uma verdadeira festa que me encheu os olhos, me inchou os pés e inundou-me de nostalgia.
De tal modo, que deu-me para andar num dragão (acho que estava na Feira Popular de Lisboa) e sair de lá zonza e a julgar-me velha demais para aquela velocidade. Mas, na verdade, gritei em plenos pulmões e diverti-me feita parva.
Para além das peripécias animadas da noite, interessa mais partilhar a questão da sabotagem ao popularucho. Não falo da tradição e do espírito popular, que são protegidos na óptica do foclore e das tradições culturais. Falo mesmo da sobranceria face a locais como a Feira Popular, que, numa óptica global de cultura sofisticada e paternalista, se tornam factores dispensáveis e até grotescos.
A verdade é que Lisboa precisa da Feira Popular de volta. É como uma festa de Verão de aldeia, em Lisboa. Sim, há algo de profundamente chungoso e pimba em toda a parafernália, mas a verdade é que nos divertimos como idiotas. Idiotas felizes, bem-humorados e profundamente alegres por podermos voltar a brincar.
Eu quero o meu parque de diversões de volta, como sempre foi. Democratizado, livre, luminoso e cromado, pindérico e com feirantes e, já agora, com o poço da morte.
Até voltar, terei de continuar a ir a Setúbal procurar a minha festa de aldeia na cidade. Lisboa deve estar a ficar snob.