terça-feira, 21 de julho de 2009

problemas de expressão

No meu dia-a-dia profissional, insurjo-me muitas vezes com o argumento "as pessoas não vão perceber". Não procuro coisas nem conceitos rebuscados, mas por vezes gosto de brincar com as palavras e com as ideias. Num certo sentido, sinto-me insultada de cada vez que o argumento da "estupidez" é lançado, porque tento pensar o melhor das pessoas e afinal não me considero com uma inteligência tão acima da média.
No entanto, há publicidade que não percebo. E também consigo perceber que há publicidade que muita gente não percebe. Embora me custe admiti-lo.
Recentemente em conversa amena, cheguei mais uma vez a essa conclusão graças àquela publicidade estranha ao porco magro que diz "eu (coração) porco magro", que não só é idiota como eventualmente é imperceptível para grande parte da população. Em vez de ver um coração poderá ver "eu porco magro", o que é bizarro.

Este é só um exemplo tonto, mas a verdade é que temos a tendência para nos fecharmos no nosso mundinho de redoma (aqueles que têm a redoma) e projectarmos a nossa perspectiva para o resto da malta. De tal modo que corremos o risco de nos chocarmos quando vemos, num centro comercial, uma rapariga com ar perfeitamente normal a perguntar para o lado "como é que se escreve quase?". E quando isso acontece, como ontem a mim, perguntamo-nos duas coisas: 1) não há coisas bem mais chocantes na vida das pessoas? e 2) onde andei eu para isto me chocar?
E não há nenhuma resposta certa. Pelo menos que eu tenha encontrado entretanto. Ou seja, há coisas que são muito mais chocantes e terríveis do que lapsos linguísticos e cognitivos, mas por causa disso deverão ser tomados como irrelevantes? Mas, por outro lado, se me surpreendo com alguém com ar jovem e instruído não saber soletrar quase, corro o risco de perder a percepção daquilo que é a linguagem comum, entrando num instante no terreno da linguagem incompreensível.
Se alguém comentar "não percebi nada" talvez já tenha entrado.

3 comentários:

Bolila disse...

E se fizessem pins com isso. Imagina o Bruno Nogueira com um Pin a dizer (Porco Magro).
E quero um a dizer Porco Meio Gordo.

Sandera disse...

eu ontem usei o argumento da "parvoíce" com o teu wings on acho... será tão grave como o da "estupidez" ? mas há coisas que são parvas ponto. acho que é de assumir isso, que a vida sem alguma tolice não tem piadinha nenhuma. é preciso é ter poder de encaixe acho.

Eu porco magro é tão parvo que chega a ter piada.
E "mudasti" era tão estúpido que pegou.
Acho que é sinal de que às vezes não precisamos de nos levar tão a sério. Eu acho um piadão a isso.

Eu KUASE que não percebi nada mas Tipo acho que percebi um bocadito.

;-.)

Miss Marvel disse...

eu não entendi nada do que escrevestes!