Hoje é o tal dia em que está tudo em jogo na qualificação para o Mundial de 2010. Já se fala disto há uns dias, semanas, meses e não é grande assunto para desenvolver. Ou ganhamos hoje e talvez haja ainda uma esperança e tal se os outros falharem, ou perdemos e então escusamos de preocupar-nos mais com isso, fica para a próxima.
Pelo caminho desta demanda infeliz da nossa selecção pós-Euro 2004, muita coisa aconteceu. Dissemos adeus ao Scolari, e depois daquela tentativa de murro ninguém se importou, dissemos "lá vem este" ao Queirós e, num instante, passou toda a febre das bandeiras à janela para uma indiferença envergonhada pós-indignada. A culpa é do Queirós e de outros que agora não interessa, ou talvez do Scolari e do Ronaldo e de mais outros que ninguém quer saber.
Pelo meio também, insurgiram-se vozes contra o advento de Liedson que, será que ninguém reparou?, apenas revelaram a muita xenofobia que para aí anda. A meu ver, uma selecção é a representação de um país. E o nosso país, felizmente, é multi-étnico, diverso e faz-se das pessoas que o compõem. Ser português é fazer por Portugal e escolher fazê-lo, pelo que imagino que haja muitos "estrangeiros" por aí, com a nacionalidade "pura" marcada no B.I., mas que de portugueses têm pouco. Daí só a haver uma resposta: o Liedson escolheu ser português, logo deve jogar na nossa selecção. E depois de marcar um golito, a xenofobia decresceu drasticamente. Se querem jogadores portugueses "puros" (seja lá o que isso for, afinal até o Ronaldo nasceu na Madeira), invistam na formação e sejam como o Sporting.
Adiante que esta conversa está a tornar-se demasiado tecnicista (outra palavra estranha da gíria futebolística).
A febre da selecção baixou drasticamente e só voltará eventualmente com um apuramento. Entretanto temos os clubes e os benfiquistas estão garantidos com a sua euforia, os portistas têm os títulos e os sportinguistas (como eu) têm o esforço, a dedicação, a devoção e o desânimo (em substituição da glória). A selecção já nem sequer tem um bigode, porque o nosso seleccionador snob cortou o dele há anos. Assim não vamos lá!
Alguma alegria dei eu aos vitorianos (Setúbal) quando, em terras estrangeiras para eles (Lisboa), apitei fervorosamente quando os ultrapassei na estrada. É preciso ver que eles levaram uma catrefada de golos dos eufóricos do Jesus. Solidariedade precisa-se e, além disso, o equipamento é verde.
Entretanto este post tornou-se algo bizarro, sendo a conclusão possível a seguinte: o futebol não está sexy (como se diz na gíria da comunicação), está antes chato e pouco épico como a gente gosta, está matemático e à rasquinha. A malta só aguenta isto por causa da cerveja.