quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sobre bola e o resto

Hoje é o tal dia em que está tudo em jogo na qualificação para o Mundial de 2010. Já se fala disto há uns dias, semanas, meses e não é grande assunto para desenvolver. Ou ganhamos hoje e talvez haja ainda uma esperança e tal se os outros falharem, ou perdemos e então escusamos de preocupar-nos mais com isso, fica para a próxima.
Pelo caminho desta demanda infeliz da nossa selecção pós-Euro 2004, muita coisa aconteceu. Dissemos adeus ao Scolari, e depois daquela tentativa de murro ninguém se importou, dissemos "lá vem este" ao Queirós e, num instante, passou toda a febre das bandeiras à janela para uma indiferença envergonhada pós-indignada. A culpa é do Queirós e de outros que agora não interessa, ou talvez do Scolari e do Ronaldo e de mais outros que ninguém quer saber.
Pelo meio também, insurgiram-se vozes contra o advento de Liedson que, será que ninguém reparou?, apenas revelaram a muita xenofobia que para aí anda. A meu ver, uma selecção é a representação de um país. E o nosso país, felizmente, é multi-étnico, diverso e faz-se das pessoas que o compõem. Ser português é fazer por Portugal e escolher fazê-lo, pelo que imagino que haja muitos "estrangeiros" por aí, com a nacionalidade "pura" marcada no B.I., mas que de portugueses têm pouco. Daí só a haver uma resposta: o Liedson escolheu ser português, logo deve jogar na nossa selecção. E depois de marcar um golito, a xenofobia decresceu drasticamente. Se querem jogadores portugueses "puros" (seja lá o que isso for, afinal até o Ronaldo nasceu na Madeira), invistam na formação e sejam como o Sporting.
Adiante que esta conversa está a tornar-se demasiado tecnicista (outra palavra estranha da gíria futebolística).
A febre da selecção baixou drasticamente e só voltará eventualmente com um apuramento. Entretanto temos os clubes e os benfiquistas estão garantidos com a sua euforia, os portistas têm os títulos e os sportinguistas (como eu) têm o esforço, a dedicação, a devoção e o desânimo (em substituição da glória). A selecção já nem sequer tem um bigode, porque o nosso seleccionador snob cortou o dele há anos. Assim não vamos lá!
Alguma alegria dei eu aos vitorianos (Setúbal) quando, em terras estrangeiras para eles (Lisboa), apitei fervorosamente quando os ultrapassei na estrada. É preciso ver que eles levaram uma catrefada de golos dos eufóricos do Jesus. Solidariedade precisa-se e, além disso, o equipamento é verde.
Entretanto este post tornou-se algo bizarro, sendo a conclusão possível a seguinte: o futebol não está sexy (como se diz na gíria da comunicação), está antes chato e pouco épico como a gente gosta, está matemático e à rasquinha. A malta só aguenta isto por causa da cerveja.

6 comentários:

fumante disse...

"A malta só aguenta isto por causa da cerveja."

Não há verdade mais verdadeira.
Tenho dito.

AHHHH, e claro, VIVA O SPORTING (e o Setúbal, já agora!)

Sérgio Mak disse...

Nós gostamos de sofrer a conta gotas. Deve ser de sermos poupadinhos no que interessa e gastadores no que pouco interesse tem.

Não seria Portugal se fôssemos afastados logo da corrida ou apurados sem espinhas. Ser português, é deixar para a última, mesmo quando a última já não serve de nada.

O Liedson, por exemplo, para muitos só deixou de ser um mal na selecção quando marcou um golo a 5mins do fim... e por aí adiante, que deve haver quem ainda vá a correr comprar a cerveja mesmo à última hora, nem que seja para maldizer a sorte de depois já não haver para levar para casa.

Sim, o futebol não está muito sexy mas, tal como as novelas, ainda serve muito bem como tema de conversa.

joana disse...

ai que queria tanto comentar isto, não fora não ter percebido quase quase nada!
Do que percebi, pareceu-me (pareceu-me...) que a certa altura entraste numa de altruísmo futebolístico. qué isso?

ana vicente disse...

No futebol, há essa cena da solidariedade entre sofredores. A não ser que o sofredor seja do Benfica. Nesse caso, rimo-nos.

joana disse...

ehehe, lindo!

Anónimo disse...

hehehe muito bom!
Rakel