sexta-feira, 4 de setembro de 2009

menina, estás à janela

Ontem à noite, passei por uma serenata. Assim mesmo, ia de carro e no meio da rua estava uma tuna a cantar e a tocar uma canção de amor. À janela, estava a moça, com ar inebriado, satisfeito e, claro, meio embaraçada.
Nunca tinha assistido a nenhuma e achei realmente encantador, devo confessar. Tenho alguma aversão a tunas e à tradição académica, mas adoro expressões públicas e exageradas de amor. E, talvez por isso, não me tenha incomodado nada ver a tuna (como normalmente costuma acontecer), pelo contrário gostei de os ver e ouvir.
Isto de expressões públicas e exageradas de amor tem uma carga social muito ambígua. Há um constrangimento social que impele para o embaraço e contenção dessas expressões, mas há, parece-me, um comprazimento e desejo, por vezes inconfessados, de as vivenciar, de as receber e de as realizar.
Esta ambiguidade garantiu o talento e sucesso da campanha do Cornetto da Olá, desmascarando um pouco a sobranceria e altivez hipócritas dos cínicos do amor. O ser ridículo faz parte do amor. E não é preciso nenhum esforço.


2 comentários:

Kardo disse...

Esta história é linda!-Nunca vi expressão de amor semelhante em Portugal. Corneto está a mudar mentalidades? Eu fartei-me de ver namorados da minha irmã a dedica-lhe serenatas à janela... gostava de ver essa versão "Tuna-Love"

Para mostrar, estive à procura de uma serenata à janela no youtube para lhes enviar, mas deparei-me com uma outra pérola que a única coisa que têm a ver com este post é o tema musical.. mas não resisto enviar: "Beat-It" versão Mariachi YYYJAAAA! MÉXICO! HAY CARAMBA!

http://www.youtube.com/watch?v=faArbI4Fkj4

ana vicente disse...

Muito bom!