segunda-feira, 7 de setembro de 2009

boa casta

A Casa Ermelinda de Freitas* pode regozijar: o primeiro mosto a sair das vindimas de Palmela tem 14,7º de teor alcoólico.
Esta frase talvez não faça sentido nenhum, mas saca a rolha da conversa que me interessa. Ontem, passei pelas Festas das Vindimas, em Palmela, e assisti à "saída" do primeiro mosto. Deu direito a benção e tudo dos padres da paróquia.
No momento em que o sumo da uva vai deixar de sê-lo, iniciando assim o processo de fermentação para o vinho, dá-se este acto simbólico de benção, com a reunião da população em torno de um produto tão profícuo para o nosso povo, tanto em termos económicos como sócio-culturais. Uma festa que recria uma tradição popular, ampliando a sua dimensão e enfatizando ainda mais o simbolismo do momento.
Na verdade, não percebo muito do assunto. Apanhei tudo meio de esguelha, mas consegui perceber este essencial (14,7º de teor alcoólico) e ainda comi umas uvas doces e saborosas.

Mas foi o simbolismo do acto que mais me impressionou, esse desejo de um bom ano de vinho, como se antevendo e prolongando a esperança de muitos bons momentos a apreciar um copo de vinho em boa companhia. Este foi o cenário de benção que imaginei, neste olhar de relance que tive, em que todos os olhares, desejos e energias entraram em comunhão naquele momento para criar um bom vinho.

* A menção à Casa Ermelinda de Freitas é pessoal. É uma das minhas Casas preferidas pelos vinhos que já tive o prazer de beber, pelo seu Syrah 2005 (melhor vinho tinto do mundo) e pela tradição de mulheres proprietárias. Mas, no fundo, o vinho das Terras de Sado tem estado cada vez melhor e tem sido um verdadeiro prazer descobri-lo.

2 comentários:

fumante disse...

Vindimas é lindo.
Palmela é lindo.
Ermelinda Freitas é bom de mais.

São os pequenos rituais das terras que fazem delas o que são. Conferem-lhes personalidade e singularidade.

Viva Palmela, cidade do Vinho!

Miss Marvel disse...

...sempre a dar na pinga... já nem tens vergonha de o dizer :)