quinta-feira, 18 de junho de 2009

entrar sem bater

A violência doméstica é uma das enfermidades graves que contaminam a nossa sociedade. Está presente na nossa cultura em surdina e, tantas vezes, em silêncio. Essa é uma das razões por que é tão difícil combaté-la. A prevenção e o combate à VD passa muito pela quebra do silêncio e pela coragem da denúncia.

O virar de cara, o fechar de olhos, a anuência silenciosa, são práticas comuns entre os "espectadores", que se escondem ainda numa mentalidade de "entre marido e mulher, não se mete a colher". Compromete-se assim o fim das situações de violência, como se o final coubesse apenas aos seus intervenientes, desresponsabilizando-nos do papel efectivo do conhecimento. Quem conhece, deve actuar. Saber e calar é pactuar com a perpetuação da violência, é ser cúmplice da agressão.

Nesse sentido, a campanha que a Amnistia Internacional Portugal lançou em casas-de-banho de bares é um verdadeiro gesto para inverter essa mentalidade. Compromete de forma directa o público, interagindo com ele de uma forma impactante e, diria, até brutal. Cliquem na imagem para ver melhor.




Colocar sangue nas mãos das pessoas é um envolvimento directo e claro naquilo que se pretende transmitir. Não há como contornar, como não reflectir. A campanha coloca-nos em cheque.

Cada vez mais, a interacção com o público não passa pelos meios comuns (anúncios TV, outdoors, mupis, imprensa, rádio). Para ser eficaz, a comunicação hoje vai directamente ter com o público, interagindo com ele de forma muito mais presente e incontornável. Seja a nível político-social ou meramente comercial, quando uma pessoa é abordada desta forma dificilmente se esquece, pois o impacto criado é intransponível.

Num nível totalmente diferente, de mensagem e de qualidade criativa, deixo-vos outra campanha que interage com o público nas casas-de-banho públicas.



1 comentário:

fumante disse...

A campanha contra a violência doméstica está espantosa. Tenho pena de ainda não a ter visto em contexto real...
De facto, cai-nos em cima, sentimo-la directamente na pele, mesmo não a vivenciando de facto. É uma implicação directa.