Hoje, o dia é diferente. A Bélgica aprovou a proibição do uso de burqa ou o niqab no espaço público, revelando um profundo desprezo pela liberdade, atentando contra valores tão altos como os que a burqa atenta.
Eu não sei o que esperam os senhores legisladores. Que, por obra e graça da sua lei, essas mulheres e seus respectivos maridos e famílias, passem a abraçar os hábitos ocidentais ou que, simplesmente, deixem de incomodar os restantes transeuntes lembrando-lhes de uma realidade demasiado próxima?
Estas mulheres, com burqa ou sem ela, vivem na sociedade belga, fazem parte dela - há que saber lidar com isso, não esperando que a resposta mais fácil seja a melhor para a sociedade.
Há quem diga "Em Roma, sê romano", argumentando assim que as mulheres de burqa não têm lugar nesta "Roma" que o ocidente criou. Discordo. Na minha "Roma", há lugar para a diferença, para crescermos juntos com as nossas diferenças. A cultura ocidental está longe de ser perfeita, desenganemo-nos, está longe dos valores humanistas que hipocritamente defende. A Bélgica hoje não é definitivamente a minha Roma. Lutarei por essa e pelos direitos da mulher de burqa, cuja ambição não tem de ser necessariamente a mini-saia.
A liberdade não tem um conteúdo consensual. Mas, na essência, é o contrário do que esta lei impõe. Conseguiremos viver com a ambiguidade e, assim, preservar a liberdade ou estaremos prontos a abdicar dela em nome do nosso conceito de homogeneidade?
2 comentários:
embrulha!
por favor, remova minhas fotos de ablogadela. Por favor, você está me causando grandes problemas.
Me ajude.
Guilherme.
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