quarta-feira, 21 de abril de 2010

objecto vs. sujeito

Muito se falou da campanha da SuperBock Mini Stout. O "É só puxar", associado a um corpo acéfalo de mulher meio nu, caiu mal a muita gente. Achei a campanha gráfica bem fraquinha, básica, sem graça e obviamente infeliz. Não por pudor, ver maminhas roliças não tem nada de mal, mas sim pela objectificação desnecessária. A campanha de TV falava de prazer e tinha um SPA ideal para apreciadores de Stout. Também tinha as "gajas boas", mas elas não eram o centro. O problema foi desviar o objecto do prazer, na campanha de mupis. Em vez do prazer da cerveja, veio outro prazer. Num entanto, esse prazer sexual continuava a ser exclusivo do apreciador de cerveja - "O prazer é todo seu". O "É só puxar" dava-lhe esse lado de dispor como se quer e apetece, e nem por sombras alguém pensava em puxar a tampa da cerveja.


Em anos e anos de campanhas de Marcas de cerveja, o que houve mais foi objectificação da mulher. A Sagres sempre foi exímia na introdução da gaja boa como motor de vendas. Chegou inclusive a comparar as cores da cerveja com a cor de cabelo e de pele das actrizes brasileiras.
É algo a que estamos habituadas/os. Não acrescenta, não valoriza, mas o pessoal da publicidade (das próprias empresas) deve achar que é isso que atrai o consumidor da cerveja.
A meu ver, é porque não valorizam suficientemente o produto. Há grandes anúncios de cerveja. Basta ver os da Heineken, por exemplo. E depois há os outros.
Tudo isto a propósito de um pack desenvolvido por uma Marca holandesa de cerveja, a Bavaria, destinada a mulheres. Este passo "desviante", inédito em Portugal, assemelha-se, por exemplo, à crescente aproximação dos clubes de futebol às mulheres adeptas, numa renovação do estereótipo habitual. Se falo sobre futebol, não é por acaso, porque o que a Bavaria fez foi colocar no pack um vestido/camisola, desenhado por uma estilista holandesa, para apoiar a selecção laranja no Mundial. O que é que os senhores das cervejas pensaram? É óbvio que não precisamos vender cervejas aos homens durante o Mundial (eles fá-lo-ão "naturalmente"), mas e se as puxarmos a elas? Parece-me um óptimo mote. Sem sair das ideias feitas de moda e de "feminilidade", conseguiram ampliar o conceito, conferindo-lhe dois valores habitualmente associados aos homens: cerveja e futebol.


Não fazia mal aos nossos Senhores da Cerveja olharem para estas coisas e perceberem que há um grande potencial de consumidoras a conquistar.

4 comentários:

asimoes disse...

mais importante que isto tudo é que o vestido é giro!

ana vicente disse...

pois, podiam lançar um destes para a selecção portuguesa. Olha, verde e vermelho, que boa combinação! (laranja é bem mais giro, mas raio da bandeira - safa-nos o amarelo)

asimoes disse...

pois, as nossas cores...
podemos sp fazer com calçada portuguesa, galos de barcelos, azulejos,etc

mim disse...

Não estava a ver muitas mulheres a usarem este vestido.
A razão? Simples.
As mulheres geralmente trepam paredes quando descobrem que alguém na mesma sala tem um vestido igual ou parecido ao delas.