quinta-feira, 12 de novembro de 2009

exemplar único

Hoje vai haver um leilão no CCB dos objectos de António Variações. Que eu me lembre, é das primeiras vezes que isto acontece em Portugal com um artista pop, mas independentemente disso é um momento simbólico. Com bases de licitação que vão desde os €10 (boquilhas) aos €1000 (cassetes com as maquetes das canções - as que foram usadas para o trabalho dos Humanos), parece ser tudo possível para os verdadeiros fãs de António Variações.
O que eu acho mais extraordinário em tudo isto é que este é o artista português com quem um leilão mais parece combinar. Toda a sua persona inspira coleccionismo de objectos e extravagância. Ao mesmo tempo, é o chamado artista póstumo, porque foi demasiado maldito, demasiado mal-amado, "à frente do seu tempo", como dizem. Portanto, o leilão é adequado, mas injusto e frustrante. Porque merecia mais justiça e mais sorte em vida, enquanto artista. De qualquer modo, é interessante e dá-nos essa sensação boa de partilha.
Ouçam aqui a reportagem da TSF, não só sobre o leilão mas também em Fiscal, terra onde está enterrado, tem nome de rua e um busto. Veja-se como se comenta a estranheza que inspirava noutros tempos, assim como a menção a ser "homem sexual", misturada com esse respeito pelos mortos e orgulho de ser da terra. O presidente da Junta queria fazer um museu mas não há dinheiro. Na verdade, Variações não poderia ficar reduzido ou preso a um só local.
Que a parada fique bem alta, é o que desejo.

3 comentários:

Kardo disse...

Epa!! que lindo! gostei dessa de se ser "homem Sexual"

Sim senhor! que homossexual nem que homossexual! daqui para frente HOMEM SEXUAL!

É preciso se ouvir o povo que têm imensas pérolas de sabedoria para nos dar. Se no congresso agora se discute o casamento dos Homens Sexuais, con certeza todos os partidos aprovavam.

Sérgio Mak disse...

O Variações, à sua escala, é uma espécie do Van Gogh do nosso mundo musical português. Se formos a ver, o Vicente viveu na miséria, só vendeu um quadro em vida e só depois de morto acumulou prestígio. apesar de bem considerado dentro do meio artístico.

Às vezes a morte sublima a arte e as pessoas. Se não tivesse vivido como viveu, possivelmente não lhe daríamos tanto valor agora.

Traço geral, demoramos demasiado tempo a aperceber-nos de demasiadas coisas.

Nuite disse...

Olá boas tardes ...

é engraçado que é preciso tantos anos para uma pessoa ganhar algum respeito !!!

mas como diz o ditado, mais vale tarde do que nunca !!!

Ana