quinta-feira, 1 de outubro de 2009

o gesto global

As campanhas de sensibilização sobre as alterações climáticas necessitam combater, em primeiro lugar, as resistências do público, que cede quase sempre à sensação de impotência e frustração, anulando assim qualquer movimento ou acção. O público vê-se confinado a espectador, incapaz de fazer seja o que for para resolver. A verdade, segundo nos dizem, é que pequenas alterações nos nossos gestos quotidianos, multiplicados à escala global, podem fazer uma grande diferença.
Se pensarmos em questões sociais de uma forma global, a resistência está também lá. Ao depararmo-nos com problemas gigantescos, a tendência é assustarmo-nos, encolhermos os ombros, chorarmos, paralisarmos. Porque não sabemos qual é a solução e não temos a mínima ideia do que podemos fazer. Por isso, os donativos são uma benção para a maioria do público bem intencionado. Campanhas como a do Banco Alimentar contra a fome, nos supermercados, são um sucesso, porque as pessoas compreendem o gesto, materializam a sua ajuda e valorizam-na por isso.
Este é o desafio de toda a comunicação "solidária": levar as pessoas a entender o seu papel, a valorizá-lo, porque a maior parte das vezes é intangível, imaterializável e não quantificável. Ficamo-nos na abstracção.
E essa é, a meu ver, a única saída. Ou seja, individualmente sermos capazes de agir com a noção do global. Tornar a nossa acção concreta numa acção universal. Não é muito diferente de um ensinamento cristão, mas a diferença reside sobretudo no tipo de acções de que estou a falar. Não se trata de moral, nem sequer de ética, mas capacidade de reflectir sobre o impacto daquilo que fazemos numa escala nunca antes vista.

Este filme mostra-nos um pouco essa ideia de causalidade, numa excelente animação.


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