sexta-feira, 28 de março de 2008

Baixa num minuto vs. Baixa em 30 mins

Num minuto...
A caminho de um almoço, passei pela Baixa de Lisboa de carro. Pela Rua da Prata, cruzo-me com umas pouco visíveis faixas num primeiro andar que dizem "Dê uma volta pela Baixa". Não percebo quem é a entidade que assina a mensagem, mas percebo-a. Mas duas faixas ali localizadas quererão dizer o quê? Fico intrigada, mas continuo. Quando viro para o Rossio, depois da Praça da Figueira, topo um Sr. Polícia já com os seus 50 anos com um guia da cidade na mão. Nunca tal tinha visto. Um agente da PSP preparado para responder às dúvidas dos transeuntes sobre trajectos, localizações, museus e castelos? Facto inédito e louvável, mais uma vez sem saber se se trata de iniciativa individual ou pública, mas ainda assim digno de nota. Passo pelo teatro Nacional D.Maria e lembro-me do cenário anterior à actual esplanada, sem-abrigos, emigrantes, para constatar que à porta da livraria do teatro, dorme um sem-abrigo, no meio da gente a passar. A Estação do Rossio, revigorada, sorri para mim e pede-me uma visita. 

Em 30...
De regresso, apanho fila logo na Avenida. Vejo novos polícias nos Restauradores. Há Manif, é óbvio. Passados longos minutos, chego ao Rossio e vejo a dita... umas 200 pessoas ocupam a Praça. Parece anti-precariedade, mas sob égide CGTP. As palavras de ordem atraem-me, são a base de toda a "propaganda" publicitária - mas muito mais eficazes e prementes. O regresso é feito pela Rua do Ouro e a fila está longe de acabar. Há obras na via. Finalmente o Terreiro do Paço, de novo aberto ao rio. E vejo outra faixa, agora a anunciar a Grande Manifestação de 28 de Março, de Jovens Trabalhadores. Percebo a escassez do número de manifestantes. São jovens, são precários, estão a trabalhar e nem sabem.



Ver uma cidade é muito mais que olhá-la. A Baixa, na sua infinidade de contrastes (muito mais do que enumerei aqui), é uma bela lente para senti-la. Tenta ser moderna, cosmopolita, limpa, mas está cheia de tantas outras coisas muito menos alinhadas que a traça pombalina, que a meu ver tornam esta cidade muito mais atraente. Talvez porque se torna mais urgente, tal como as palavras de ordem.

1 comentário:

Anónimo disse...

comentário um pouco ao lado: 28 de março foi uma sexta, como poderia eu manifestar-me às 14?

1º de maio lá estarei, sim senhora